terça-feira, 15 de setembro de 2015

Anfíbios e bundas

Vamos começar com o evento de hoje. 

Tava na cozinha de boa, lavando minhas caixinhas de morango (porque a pessoa não pode simplesmente comer uns moranguinhos, ela tem que ser dinossaura e comer logo duas caixas sozinha) quando ouço um grito seguido de choro, da minha mãe, vindo na varanda. Não precisei nem perguntar o que era. 

Minha mãe tem fobia de pererecas porque, quando ela era criança, uma perereca pulou na bunda dela quando ela foi fazer xixi, e, como se não bastasse um bicho GELADO e gosmento pulando num local muito desagradavelmente próximo do cu, as irmãs dela ainda foram suficientemente cuzonas e ficavam jogando coisas na minha mãe, no escuro, falando que era uma perereca. Resultado: fobia irracional, louca, demencial e incapacitante de pererecas. 

Joguei os morangos pra cima e fui socorrer a velha. Cheguei na varanda e mamãe estava parada, tremendo e chorando, olhando fixamente para um ser muito pequeno e estático no chão. Eu enchi o cu de coragem e fui lá ver que porra era aquela. Me aproximei do cantinho direito da varanda e lá estava ela. Gordinha, pintadinha, toda simpática, certamente esperando a chance de pular nas nádegas nuas da minha velha mamãe. 

Mal cheguei perto do pobre animal e minha mãe, escondida atrás da porta da cozinha,  já gritava: "MATA ELA SE NÃO ELA VAI ENTRAR E VAI PULAR EM MIM". Bom, acontece que eu me recuso a matar QUALQUER bicho. Inclusive aranhas, bichinho pelo qual não possuo a mais remota simpatia, não mato! Pego com a pá e a vassoura e boto pra fora de casa. "AH MAS E BARATA?? DE BARATA VOCÊ NÃO TEM PENA??" Na verdade, não tenho mesmo, mas meu querido gato, Chico, um vira-lata sangue puro, se amarra em brincar de assassinar baratas de maneira lenta e dolorosa. Quem sou eu pra discutir com o gato, né migos? Deixa ele, tá melhor que baygon. 

O problema aqui era o seguinte: A mulher não DORME se ela pensar que existe a possibilidade de que talvez possa existir a alma de uma perereca em casa X Eu não ia matar a pobrezinha nem fodendo. Que que eu fiz??? Isso mesmo, o que qualquer pessoa na mais santa normalidade faria: eu menti. Menti pra minha mãe (olha lá o capiroto me dando tchauzinho do inferno ). Cheguei bem pertinho do anfíbio, encarei a criatura por uns segundos e falei, na maior naturalidade, como se tivesse constatado a maior obviedade desde a roda redonda:

- Ôh mãe, cê tá caducando, mulher! Isso nao é perereca, não!
- Como não é perereca? É o que então??
- Isso, mae... Isso é uma RÃ.
- Uma rã??? Certeza??
- Absoluta, olha aqui as perninhas dela, tão roliças demais pra ser perereca. Perereca é magrinha, sarada. Isso aqui foi numa pizzaria ontem, ô as coxa! 
- humm.... E como é que você sabe a diferença entre rã e perereca?
- Mãe, veja bem... acontece que é uma diferença biológica muito óbvia, sabe? É porque faz tempo que você saiu do ensino médio e não lembra mais das aulas de Biologia. Mas a perereca tem que ser mais magrinha e ter perninhas finas pra pular distâncias maiores, a rã dá pulinhos curtinhos, por isso tem pernas gordinhas. Não tem gente que come pata de rã?? Por que que as pessoas iam comer pata de rã se não tivesse umas gordurinhas?? Num ia, uai! (OH MEUS COLEGUINHAS BIÓLOGOS TENDO UM INFARTO EM 3,2,1....)
- É... faz sentido. Não tem motivo pra ter perereca aqui, também, né?
- Tem nada! Tô te falando, isso é rã! 


Eu nunca inventei tanta bosta no que se refere a conhecimentos sobre biologia, mas resolveu. Mamãe está linda e maravilhosa dormindo que nem um anjo e eu tô aqui, acordadona, morrendo de cagaço nessa perereca arrombada entrar pela minha janela e pular na minha bunda enquanto eu durmo.

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